Então existem esses dias em que a gente repara numa coisa qualquer que nos traz à percepção o óbvio de termos nos tornado uma pessoa absolutamente diferente.
Pra mim nunca é transcendental. Nunca é como se, de uma hora para outra, estivesse abandonando meu velho eu para me tornar uma nova mulher, revigorada, mais forte, mais cética, mais sei-lá-o-quê. Não. Pra mim é como um reflexo retardado, mesmo, a surpresa que existe no reconhecimento de algo que já foi consumado. Ou talvez o certo fosse dizer que o momento da consumação seria mesmo este do reconhecimento, com o processo todo da mudança já passado.
Assim é pra mim, mas acho que muda de acordo com cada pessoa. É que tenho mesmo uma relação de retardo com o tempo; preciso terminar cada coisa para sentir como foi na época em que aconteceu. Acho que sou viciada em classificar para sentir. (Se o Wagner lesse isso, diria que tenho dificuldade em ser contemporânea de mim mesma).
Como certo, ando mais calada. As pessoas perguntam se é tristeza ou alguma coisa congênere. Não saberia responder ao certo. Simplesmente ando sem saber direito o que dizer. Mas continuo gostando de observar as coisas, de ouvir os outros conversando, de ficar olhando as pessoas no aeroporto enquanto espero o próximo vôo.
Pode ser o fenômeno de chegar perto dos 30.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
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3 comentários:
A volta de Saturno, menina... já diria sua mãe...
Não acho que a gente perceba o que está acontecendo. No fundo, só percebemos as mudanças uma vez consumadas.
O fenômeno de estar chegando aos 30 pareceu-me pior do que o chegar efetivamente a mais um número redondo.
Saudades de você.
sempre achei você uma pessoa absolutamente diferente o que me encanta.
beijos de saudade.
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