quinta-feira, 26 de março de 2009

like a fever

Eu contei um dois três a respiração eu já estava prendendo há muito muito tempo atrás e abri os olhos para saber que não não era você lá. Apesar do mesmo cabelo, ele talvez um pouco mais novo (é - ele não tinha as suas entradas na testa), magro também, e até as roupas mesmo parecidas. Eu disse olá, ele respondeu em português, e eu deslizei o pensamento nestes meus daydreams/and we flew into it ("like a fever", dirá alguém) e você tinha aprendido a minha língua para fazer uma surpresa depois de algum 12 hours flight. "Olá", ele respondeu, e eu esqueci de perguntar como ele chamava. Hora de descer, e eu prestei atenção quando ele tirou a camisa, eu já pas d'espoir, já procurando cicatriz no seu braço (eu pensei em perguntar), mas não, ele não saberia responder em afrikâner. Fui embora mais cedo para não termos que ser apresentados.
Peguei depois todos os filmes que se passam na África na locadora ao lado de casa. Nada de histórias nos países árabes do norte, nem nos lusófonos e muito menos nos de língua francesa. Eu desenhei pra gente uma casa de madeira em alguma praia ou lago despovoado na África do Sul Quênia Nigéria, e imaginei uns patos voando por lá no final da tarde (dizem que tem), algum carro branco sujo que passava pela estrada, e imaginando tudo imaginei também que mudava a passagem que eu tinha para Paris, trocava as aulas de francês e o possível novo corte de cabelo cocote por uma bermuda velha qualquer e um chinelo pra gente caminhar na beira do mar africano.
Hoje à noite vou chegar mais cedo na aula. Eu e ele vamos nos cumprimentar mais uma vez "olá" e. é, ele fala português. ou talvez seja você de volta, we back again, after a 12-hour-flight.

("you know, J? What if us both pretend we're together tonight at your hotel room in Albania - if we do that, do you think maybe our wishes can come true soon?").

segunda-feira, 16 de março de 2009

e.e. cummings

i love my body when it is with your
body. It is so quite new a thing.
muscles better and nerves more.
i like your body. i like what it does,
i like its hows. i like to feel the spine
of your body and its bones,and the trembling
-firm-smooth ness and which i will
again and again and again
kiss, i like kissing this and that of you
i like,slowly stroking the, shocking fuzz
of your electric fur,and what-is-it comes
over parting flesh... And big eyes love-crumbs
and possibly i like the thrill
of under me you so quite new


Eu amo imaginar você lembrando de mim através de uma poesia que você talvez nunca vá ler. Por isso, talvez mais do que por qualquer outra coisa, eu peguei estes poemas mais líricos-concretistas do Cummings pra mim, como se eles fossem uma declaração de amor que um dia eu espero de você, ou que talvez você faça de outro jeito. Ou como algo que nunca vai acontecer. Mesmo, talvez, como algo que você já fez (mais provavelmente).

Não importa mais.

(it just feels good)