sexta-feira, 10 de setembro de 2010

para um desconhecido qualquer

There were never strawberries
like the ones we had
that sultry afternoon
sitting on the step
Let the sun beat
on our forgetfulness
Let the storm wash the plates
Você não está, mas eu te vejo mesmo assim. Um envelope sem carta dentro, cheirando correio, selo carimbado, letra de caneta bic. Você em nenhum lugar, e eu te assisto caminhando sozinho à noite, embaixo dos postes de luz de Brasília. Camiseta branca, havaianas 42. Eu te conto baixinho da minha segunda aula de alemão, zehn Flugzeuge fligen um dieWelt, der Hund, szwei Shneemmäner arbeiten sehr gut. Do vestido cinza que eu comprei, e que eu ando assim, esperando, mas com medo desse negócio de ir embora. Com muito medo. Banho demorado, comida japonesa, andando de bicicleta e guardando um dinheiro. Com vontade de ver neve mais uma vez. Com vontade de praia mais uma vez. Você não me diz nada, e eu gosto quando você fica quieto.
Te encontrei dentro do livro do Edwin Morgan, what fear was it that made the wind sound like fire, e dobrei a pontinha da página pra depois. Porque o depois vem quando eu menos espero - olha, nem lembrava, mas eu achava esse tão bonito... O que eu sempre gostei gostei em você foram as surpresas.