quinta-feira, 5 de julho de 2007

deportada de Sarajevo e esperando

Primeiro dia de viagem: deportada de Sarajevo, devidamente escoltada pela policia ate Milao no primeiro voo da Alitalia, aos gritos, quase enfiada num aviao de volta para o Brasil (falar italiano salva qualquer um: a policia de Milao carimbou meu passaporte na Italia depois de entender o que tinha acontecido), ha 25 horas sem dormir, chorando e chutando as coisas na policia do aeroporto. Perderam minha bagagem no caminho; tive que comprar calcinha, soutien, um desodorante e um vestido barato pra vestir. Ha 2 horas, finalmente, consegui encontrar um hotel baratinho e uma lojinha que vende falafel pra bater o rango merecidissmo.
Liguei pra Universidade de Sarajevo e para a organizacao que montou o evento. Eles queriam morrer, claro. Eu tambem. De acordo com as pessoas la da Universidade, o que rolou foi uma desorganizacao no timing do envio dos meus documentos para o Ministerio de Relacoes Exteriores da Bosnia. Dentro de 2 dias, se tudo der certo, volto para Sarajevo (com visto, claro, mas tenho medo, logico).
Antes ate mesmo saber que seria deportada, quando o aviao pequenininho sobrevoava Sarajevo, confesso que tive uma sensacao horrivel. Porque o voo que sai de Milao voa baixo; voce atravessa a Eslovenia e a paisagem e a mais linda que pode existir - um monte de rochas e umas casas fofas no meio delas. Mas em cima de Sarajevo a paisagem e desoladora: uma grande roca, com casas quadradinhas a la comunismo, uma coisa meio bucolica, assim, e isso e legal. Mas todas as casas - e la de cima voce ve - estao encravadas com milhares de buracos de balas. Nao tinha entendido quando vi la de cima, mas quando o aviao foi chegando mais perto entendi.
E estranho. E um lugar minusculo, com cara de interior do Parana. E todas as casas assim.
After all, estou feliz em Milao e amanha vou dar um volta pra conhecer a cidade, passear nos museus e nas igrejas, e tal. Gosto daqui, gosto das cortinas verdes do hotel, mas comecei a descobrir que e uma alegria grande morar no Brasil.

3 comentários:

Rita Loiola disse...

Bem que vc escreveu que tinha medo de ser deportada. Sabe o que? Só vc mesmo, e é por isso que eu te amo, moça. Te espeto al ritorne, hehehe

João Castelo Branco disse...

Que história é essa mulher!?

Ainda bem que rolou uma itália!

Vc ia gostar de ler o prefácio do "Ten Years After" da Nan Goldin. Ela conta como foi parar em Nápoles. Logo que ela chegou rolou um clima com o cara da informação da estação de trem!

Ju disse...

hahahahaa...mais uma história incrível do fabuloso passado-presente-futuro de Mariana Carpanezzi.
beijo, gatona!