sábado, 28 de abril de 2007

Voilà, monsieurs

Quando eu era adolescente, sempre achava que o cúmulo da encruação feminina era a frase 'odeio todos os homens'. Era a confissão suficiente de que a mulher era mal-amada.
Anos depois, aos 27, nego minha teoria apenas em parte. Sim sim sim, grande parte das meninas que diz isso é carente pra diabo e projeta em todos os homens do universo sua frustração de estar sozinha -desesperadamente sozinha, eu diria (l'enfers sont les autres). Parafraseando a Cice, elas ficam chatas porque estão sozinhas, e aí ficam infelizes e mais chatas e aí ninguém aguenta, então elas ficam mais sozinhas e mais chatas, até que elas pintam o cabelo de cor infame e ficam reclamando do mundo inteiro e tendo surtos muito muito chatos que me dão vontade de apertar o botão de desliga.
Do outro lado da moeda, o tempo aumentou minha amostragem masculina e comecei, eu também, a proferir a frase famosa. Os homens são umas gracinhas, nadam borboleta lindamente e são muito divertidos, normalmente muito mais divertidos que as mulheres. Mas que são menos evoluídos, isso não dá pra negar. Nas minhas estatísticas, conheço uma mulher covarde para cada 10 homens que têm medo de enfrentar o mundo sem a mamãe.
Portanto: louvores aos meus amigos gays, que se vestem bem e ouvem boa música. E planejando uma viagem à Suécia, cheia de homens ruivos que dividem o seguro-maternidade com suas mulheres, trocam fralda de bebê e ainda por cima compram os cds de peter, bjorn and john.

terça-feira, 24 de abril de 2007

ops

esqueci a trilha sonora do pf à la thom yorke:

harrowdown hill (claro!)

(e eu estou com saudade do joão e de sua barba comprida, claro)

thom yorke e seu pequeno tecladinho

Pois bem: João gosta do Thom Yorke e seu tecladinho monocórdico. Eu também.
Fora de todos os purismos, eu tenho uma simpatia singela pelas músicas e pelas fotos que não têm nada de mais além de umas coisas aqui e ali. As pessoas em geral acham sem graça e besta, mas eu acho tão lindo um vazio ordinário de vida comum nestas coisas sagradas que sempre têm que ter o status de virtuosas. Tudo que é muito extraordinário sucks. Bom mesmo é arroz, feijão, salada de alface com tomate e um bife por cima de tudo.

sábado, 21 de abril de 2007

radiohead radiohead

e dizem por aí que o radiohead vem pro brasil. quer dizer, sempre dizem por aí, né?
acho que eu tenho um treco.

pra ouvir: fake plastic trees + no surprises

e vamos pra festinha

broken flowers

finalmente consegui assistir "flores partidas", do jim jarmusch. eu sou do tipo que ama muito ghost dog e dead man, então estava quase maluca porque não tinha conseguido ver o último dele. aí, na quinta à noite, decidi que não dava mais, e era uma da manhã quando pus o filme.
começou, terminou e eu fiquei em estado de choque pelas duas horas. não conseguia deligar: os créditos passavam e eu pensando: "caralho, que é que tá acontecendo? como assim?"
filme triste da porra, inacreditável, o jim jarmusch é de uma sensibilidade monótona e ao mesmo tempo escrachada. acho que por isso fiquei achando tudo tão estranho: pra mim nada pode ser mais horripilante do que a preguiça de querer gostar das coisas bestas ou de ter medo de tentar o que aparentemente esteja fora do controle. é tão triste que chega ao ponto de ser ridículo.
acordar, trabalhar, dormir. parece que a cara da gente fica mole e amarela.
eu tenho medo de ficar parecida, mas também tenho medo de virar uma criatura que aaaammmaaa muuuiiiito e que não para de falar. o equilíbrio delicado de ter paciência e ao mesmo tempo ser angustiada. acho que eu tenho que voltar a ver os filmes do kieslowski.

p.s. enquanto isso, a folha noticia que o wong kar-wai está rodando um filme novo, em inglês e com a norah jones como protagonista (hã?). tudo pra ser esdrúxulo, mas como é dele e a fotografia é do chrystopher doyle, pronta pra passar duas horas feliz e mais uma semana besta-quadrada de tanta coisa linda. eu fico desesperadamente apaixonada por ele existir.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Sunday night

É domingo à noite, e talvez seja mesmo por isso. Ou pelo fim de semana de ficar na cama o dia inteiro, sem querer sair. Mas o que acontece é que hoje à noite resolvi me perguntar a questão óbvia do que inferno é isso de sempre querer as pessoas que vão embora, esta história de filme repetido sei lá quantas vezes de conhecer, gostar e imediatamente receber a notícia inevitável (com as variações caso a caso, lógico) do "estou indo embora de mudança, portanto a gente". Às vezes - e na verdade muitas vezes -, o sujeito pula a segunda parte, como se eu tivesse: 1. que supor a existência dela; 2. que imaginar a resposta e dar uma solução para o problema; 3. que me conformar com uma decisão que já foi tomada a priori, sem que minha opinião fosse consultada.
Como eu sou do tipo pode-deixar-que-eu-dou-conta-de-tudo, minha reação é normalmente a 2, mas dado o tanto de vezes que isto tem acontecido, também já encarei algumas vezes as outras duas. Claro, você vai embora e eu não vou te pedir nada, mas como pra mim é importante, então tá, deixa que do lado de cá eu dou jeito de me desdobrar em duzentos pedaços pra você não ter que se desdobrar em nenhum (os homens covardões+as mulheres resignadas).
Então acontece que da última vez eu passei da conta. E eu já não consigo nem dizer pra mim que nada acontece, nem decidir pelo medroso, nem aceitar as condições que você joga pra cima de mim. Eu simplesmente finjo que não é comigo, que na verdade eu não estou gostando, mesmo; que eu sei exatamente que daqui a duas semanas acabou, sem vestígios ruins, só com a memória das coisas boas - quem sabe a gente não fica super amigo? -; que eu sou fodaça o suficiente pra let it go, que eu estou completamente preparada.
Enquanto isso as semanas vão sendo cheias de coisas fofinhas dá vontade de o final de semana durar 10 dias. Fuck. Esperando as postagens que vão vir depois de 03 de maio.

terça-feira, 10 de abril de 2007

existwm estes dias

então existem estes dias em que o tempo pára quando você sabe que, e então não interessa se é futebol ou um cinema. mas é bom ter segredos que fazem o tempo parar.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

in this tiny apartment complex

Acabou a páscoa, então voltam os dias de ter sono, e acordar, e trabalhar, e voltar pra casa, e ler as coisas sobre Ruanda. E aí não entender, e querer que de repente o quebra-cabeça de todas as coisas que eu li e que eu leio façam sentido, e. Como se as coisas tivessem um sentido completo, de qualquer forma.
De repente é uma e quinze e amanhã acordar e trabalhar e dias de sono. Como se fosse uma vontade e uma raiva de ter sono, todas estas coisas juntas. Porque dá preguiça quando os dias de ter sono acabam e em vez de querer dormir o que acontece é o que precisa ser feito: louça pra lavar, coisas pra fazer, todas as contas que devem ser pagas depois do salário cair. In this tiny apartment complex.

dias de ter sono

os dias de ter sono deviam ter voltado.